TEXTO: “Sei estar abatido e sei também ter
abundância; em toda a maneira e em todas as coisas, estou instruído, tanto a
ter fartura como a ter fome, tanto a ter abundância como a padecer necessidade.
Posso todas as coisas naquele que me fortalece” (Fp 4.12,13).
INTRODUÇÃO: “Amados,
não estranheis a ardente prova que vem sobre vós, para vos tentar, como se
coisa estranha vos acontecesse; mas alegrai-vos no fato de serdes participantes
das aflições de Cristo, para que também na revelação da sua glória vos
regozijeis e alegreis. Se, pelo nome de Cristo, sois vituperados,
bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa o Espírito da glória de Deus”.
(1º Pedro 4. 12-14).
Muitos se
dizem discípulos de Jesus, e até alguns pregadores usam as palavras de Paulo em
Colossenses 1.24, quando diz: “… cumpro o
resto das aflições de Cristo…”. Creio no que a Bíblia diz que somos participantes
de tais aflições, mas muitos usam isto mais como uma lamentação, uma lamúria,
demonstrando-se mais vítimas, do quê verdadeiros soldados do exército de
Cristo, e assim não vão muito longe em seus ministérios, desistindo no “meio do
caminho”.
O fato é
que nem todas as aflições que passamos é por causa do nome de Jesus Cristo, mas
sim, diversas vezes por causa de nossa própria escolha, nossas desobediências à
Palavra do Senhor, nossa falta de vigilância, falta de prudência e paciência,
etc…Por outro lado, em 1º João 2.6, nos é dito: “Aquele que diz que está Nele também deve andar como Ele andou”…Se
Jesus Cristo foi perseguido e afligido, quanto mais nós, que não somos nem um
pouco melhores do que ELE: “Lembrai-vos
da palavra que vos disse: Não é o servo maior do que o seu SENHOR. Se a mim me
perseguiram, também vos perseguirão a vós; se guardaram a minha palavra, também
guardarão a vossa (João 15.20)”..
Mas o
melhor de tudo isso é que um dia, todas estas aflições terão um fim. O próprio
apóstolo Paulo, afligido muitas vezes pelos falsos irmãos em Corinto, disse
assim: “Porque a nossa leve e momentânea
tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente. (2º Co
4.17)”. Pois ele sabia, que tem um lugar reservado no céu, aonde não há
lágrimas, nem dor, nem pranto, quando o próprio Senhor Jesus enxugará de nossos
olhos todas as nossas lágrimas e nos consolará de todas as nossas aflições (Ap
21.4).
AS
AFLIÇÕES DE PAULO
Uma das
marcas indiscutíveis do ministério de Paulo foi o sofrimento que teve durante
sua vida ministerial. Suas cartas relatam estes sofrimentos: 1 Coríntios 4.9-13
– marcas da cruz de Cristo; 1 Coríntios 16.8-10 – adversários e tribulações; 1
Coríntios 15.32 – lutas; 2 Coríntios 7.5 – conflitos e temores; Gálatas 4.11-15
e 2 Coríntios 12.7 – enfermidades (talvez acessos de malária); 2 Coríntios
11.23-33 – elenco completo de sofrimentos: prisões; açoites; perigos de morte;
fustigado com varas; apedrejado; naufrágio; perigos nas viagens, nas cidades,
nos mares, entre judeus, entre gentios, nos rios; fome e sede; frio e nudez;
etc.
Paulo
sabia o que era sofrer e a respeito disso deu testemunho em sua II Epístola aos
Coríntios (II Co. 11.6.29; 12.10). E por causa de tais aflições, poderia,
também, “consolar os que estiverem em alguma tribulação, com a consolação com
que nós mesmo somos consolados de Deus” (II Co. 1.4).
Essa é
uma demonstração de um dos motivos pelos quais somos afligidos, a fim de que
possamos nos colocar no lugar daqueles que padecem.
A
TRISTEZA DO APÓSTOLO
Nem
sempre o ambiente em que estamos vivendo, mesmo em nossas igrejas, irá
determinar que continuaremos envolvidos com Deus. Nem sempre pessoas com as
quais convivemos, por mais espirituais que elas possam ser, irão fazer-nos
continuar a nos envolver com o Senhor e com a Sua obra. Também, as experiências
que já tivemos no passado, por mais bem sucedidas que elas tenham sido, não
irão fazer-nos seguir em frente no objetivo de continuarmos envolvidos com
Deus. O apóstolo Paulo faz uma tremenda recomendação ao colega Timóteo,
exortando-o a que ele continue envolvido com Deus e com a Sua obra até o fim
dos seus dias. Paulo exorta Timóteo a que cumpra cabalmente, completamente, o
seu ministério, vejam: “…Tu, porém, sê sóbrio em todas as coisas, suporta as
aflições, faze o trabalho de um evangelista, cumpre cabalmente o teu
ministério…” 2 Tm.4.5
CONTENTANDO-SE
EM CRISTO OS ANOS
FINAIS E O MARTÍRIO
Em algum
ponto durante os anos finais do ministério de Paulo os romanos provavelmente o
prenderam novamente, pois ele passou um inverno em Roma na Mamertime Prison,
passando frio na cela gelada de pedra enquanto escrevia a sua segunda carta a
Timóteo (66-67 D.C). Ele podia estar antecipando isso quando pediu para Timóteo
lhe trazer o seu manto (2 Timóteo 4:13,21). Nós só podemos especular quais eram
as acusações contra Paulo; alguns sugerem que Paulo e os outros cristãos podiam
ter sido acusados (falsamente) de terem incendiado Roma. Era, no entanto,
contra a lei pregar a fé cristã. A proteção que havia sido dada aos judeus
tinha sido retirada dessa nova religião estranha. Paulo sentiu o peso dessa
perseguição. Muitos o abandonaram (2 Timóteo 4:16), inclusive todos os seus
colegas na Ásia (1:15) e Demas que amava ao mundo (4:10). Apenas Lucas, o
médico e autor do livro de Lucas e Atos, estava com ele quando ele escreveu a
sua segunda carta a Timóteo (4:11).
Crentes fiéis que estavam escondidos em
Roma também manteram contato (1:16; 4:19, 21).
Ele pediu a Timóteo que viesse
ao seu encontro em Roma (4:11), e aparentemente Timóteo foi. O pedido de Paulo
que Timóteo o trouxesse seus livros e o seu pergaminho indica que ele estava
estudando a palavra até o fim. O apóstolo Paulo teve duas audiências diante dos
romanos. Na sua primeira defesa só o Senhor ficou do seu lado (2 Timóteo 4:16).
Lá não só ele se defendeu como também defendeu o evangelho, ainda na esperança
que os gentios escutassem sua mensagem. Aparentemente não houve um veredicto, e
Paulo foi “livre da boca do leão” (4:17). Apesar de Paulo saber que morreria em
breve, ele não temeu. Ele foi assegurado que o Senhor o daria a coroa da
justiça no último dia (4:8). Finalmente, o apóstolo em si escreveu encorajar
todos os que criam “O Senhor seja com o teu espírito. A graça seja com vosco”
(2 Timóteo 4:22, RSV). Depois disso, a escritura não menciona mais
Paulo. Nada
sabemos sobre a segunda audiência de Paulo, mas provavelmente resultou em
sentença de morte. Não temos nenhum relato escrito do fim de Paulo, mas foi
provavelmente executado antes da morte de Nero no verão de 68 D.C.. Como um
cidadão romano, ele deve ter sido poupado das torturas que os seus companheiros
de mártir haviam sofrido recentemente. A tradição diz que ele foi decapitado
fora de Roma e enterrado perto dali. A sua morte libertou Paulo “partir e estar
com Cristo, o que é muito melhor” (Filipenses 1:23).
LIVRE DA
OPRESSÃO DA NECESSIDADE
Alegria
em Cristo (4:4-7). Não é fácil estar contente no sofrimento, mas isto é o que o
cristão é chamado frequentemente a fazer. O cristão que está lutando contra
Satanás sofrerá nesta vida (veja 2 Timóteo 3:12). Mas podemos regozijar-nos,
não importa quão dura seja a situação, se regozijarmos “no Senhor”. Se
simplesmente nos mantivermos perto do Senhor, em oração, e pelo nosso próprio
comportamento moderado, até mesmo no sofrimento poderemos conhecer a paz “que
excede todo o entendimento” (4:7). Paulo está escrevendo com experiência:
lembre-se, foi em Filipos que ele e Silas estavam alegremente cantando hinos a
Deus mesmo depois de terem sido espancados e atirados na prisão (veja Atos
16:19-25).
CONCLUSÃO
Certamente
Paulo foi o maior mestre da fé cristã depois do próprio Senhor Jesus Cristo.
Chamado e dirigido pelo Espírito santo para proclamar o evangelho aos gentios,
esse grande teólogo expôs as profundidades da fé cristã de uma maneira que se
mostra fundamental para a igreja de Jesus através dos séculos. Seu total
compromisso com o Evangelho do Cristo crucificado permanece como um exemplo
para todos os crentes de todas as épocas. Seu desejo de perseverar a verdade
contra todas as heresias ou qualquer coisa que tentasse desfazer o direito a
salvação somente pela graça brilha através de todos os seu escritos. Seu
profundo zelo pela aplicação da verdade do Evangelho na vida do crente levou-o
a escrever páginas sobre como se deve viver o autêntico cristianismo no meio de
uma sociedade pagã.
Tudo isso só seria alcançado por meio do Espírito santo,
que vive no interior do crente para realizar os propósitos do pai. Seu profundo
amor pelos irmãos na fé e a maneira como sofria e entristecia-se com os pecados
e sofrimentos deles são vistos não somente no modo como escreveu sobre os
crentes, ou seja, com grande carinho e encorajamento, mas também em suas
repetidas referências às orações que fazia por eles. Sua profunda convicção de
que todos pecaram e estão abaixo do julgamento de Deus e sua preocupação para
que homens e mulheres ao redor do mundo encontrassem a salvação de que
precisavam tão desesperadamente levaram Paulo a responder ao chamado para
pregar o Evangelho aos Gentios. Para o apóstolo, Cristo era a única resposta.
Ele era o foco e o poder da vida de Paulo e, acima de tudo, aquele que morreu
para que ele recebesse o perdão e encontrasse a justificação e a vida eterna no
último dia.
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